Anandamide: The first endocannabinoid // Anandamida: O primeiro endocannabinoide

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É sempre curioso a decisão pelos nomes dados na ciência, seja em termos de doença, descobertas de novas substâncias, estrelas, e assim por diante. Mas talvez um dos exemplos mais interessantes disso é a decisão de apelidar o ácido graxo N-araquidonoiletanolamina (AEA) como Anandamida, um neologismo advindo diretamente da junção de um conceito em Sânscrito (Ananda, que significa "Felicidade", numa tradução simplória e limitada, mas certeira), com sua ligação química, que é Amida. Anandamida faz parte de um grupo ainda menos popular de neurotransmissores, por que ainda está em pleno estudo e aprofundamento de pesquisa, muitas vezes nem considerado quando pensamos em neurotransmissores clássicos (Dopamina, Serotonina, etc) e mesmo seu funcionamento completo em nosso corpo é um mistério, mas a história do que se sabe até agora é suficientemente interessante e merece atenção.

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Quando os pesquisadores finalmente compreenderam os principais portais de acesso do corpo na utilização da cannabis (os receptores CB1 e CB2) compreenderam que só poderia haver algo mais dentro de nosso organismo para "receber" essas chaves vindas de fora através do que chamamos de fitocannabinoides. E logo descobriu-se então que o corpo produz suas próprias substâncias verossímeis, chamadas "endocannabinoides", as quais trabalham à partir dos receptores CB1 e 2 (e agora cogita-se um CB3 também). Pouco a pouco dessa descoberta até os dias de hoje, vem-se estudando a mecânica que rege tais receptores e o interessante neurotransmissor apelidado de Anandamida. Sabe-se que ele rege certas funções no corpo todo, mas muito ainda é baseado em teorias e pesquisas não concluidas, uma delas por exemplo afirma que o famoso "barato do corredor" é causado dentre outros fatores, pela liberação aumentada de Anandamida depois de um tempo determinado de esforço contínuo, provavelmente com o intuito e relaxar e intensificar a experiência do homem dado seu esforço (que primitivamente pode ser compreendido como uma fuga, num contexto natural evolutivo). Fora isso parece que tal neurotransmissor está relacionado à fome, e também provavelmente tem efeitos de ignição para outros neurotransmissores ativados através do CB1 e 2, como a Dopamina, Serotonina, GABA e Glutamato. Em testes com animais, nota-se um aumento efetivo do prazer alimentar em ratos após receberem injeções de anandamida, o que não é nenhuma novidade para quem já fumou cannabis.

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É importante ressaltar que indiferente do uso de cannabis, este neurotransmissor existe e está ativo em você, e muito provavelmente num futuro próximo veremos substâncias isoladas da cannabis sendo vendidas exatamente para ativar/potencializar a Anandamida e as vezes trazendo benefícios maiores do que os antidepressivos até então conhecidos, da mesma forma que tanta gente se beneficia do uso da cannabis medicinal em óleo ou mesmo fumada. A pesquisa de um neurotransmissor novo é tão complexa que muitas novidades são as vezes até mesmo incompreendidas ou deixadas de lado até que se tenha uma noção total do estudo, à exemplo disso, hoje sabe-se que o Paracetamol por exemplo, age como um agonista dos receptores CB1 e CB2 de forma não tão intensa, mas significativa, e de forma geral pode se dizer que ele mimetize o trabalho da cannabis em termos de conexões específicas nesses receptores. Muito provavelmente sua analgesia está relacionada a produção ou intensificação da Anandamida.

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Por fim, deixo aqui um documentário muito interessante sobre o Nobelista Dr Raphael Mechoulam, responsável por descobrir e descrever pela primeira vez a Anandamida, uma história fascinante o suficiente para ter virado um documentário. Espero que gostem!

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